Criado para coletar informações sobre plânctons em mar aberto, um instrumento que viaja pelos oceanos desde 1931 pode ter acidentalmente criado um registro histórico sobre um elemento estranho ao ambiente marinho natural, mas presente amplamente graças à ação humana: o plástico.
Os Gravadores Contínuos de Plânctons (CPRs, na sigla em inglês), formados por caixas de metal com aparência antiquada e frutos de uma colaboração científica internacional, arrastaram consigo pela primeira vez uma sacola plástica em 1965, na Irlanda.
Segundo pesquisadores, pode ser o primeiro registro de lixo plástico encontrado no mar.
Os registros dos CPR também trouxeram à tona muito mais da poluição marítima nas últimas décadas.
Ao coletar plânctons durante todas essas décadas – organismos que são um ótimo indicador da situação dos oceanos e das espécies que nele vivem -, a engenhoca produziu por tabela a trajetória dos plásticos nesses ambientes.
Clara Ostle, pesquisadora do projeto e membro da Associação de Biologia Marinha de Plymouth, explica que, durante a coleta de amostras de plâncton da água, a equipe precisa registrar quando algum item estranho fica preso no gravador.
“Vimos por meio desses registros que tivemos alguns casos históricos de plástico emaranhados”, explicou Ostle.
“Podemos construir uma série temporal a partir disso – para que possamos ver o aumento de plástico maiores presos.”
Além da sacola plástica coletada na Irlanda em 1965, outros pontos destacados são:
• Uma linha de pesca plástica encontrada em 1957;
• A confirmação de que houve um aumento significativo e constante do plástico oceânico desde 1990;
• Para dar esperança, a equipe observou que o número de sacolas plásticas encontradas no oceano diminuiu nos últimos anos, mas não está claro se isso está relacionado a proibições e campanhas contrárias ao uso desse material.
Os animais marinhos podem ficar emaranhados em plásticos maiores – particularmente redes e cordas. Uma equipe de documentaristas da BBC filmou no ano passado em uma ilha remota aves marinhas que morreram de fome porque seus estômagos estavam cheios de fragmentos de plástico.
Plásticos muito menores, conhecidos como microplásticos e que muitas vezes são oriundos de produtos maiores fragmentados, já foram encontrados dentro de peixes, em sedimentos no fundo do mar e até mesmo no gelo da Antártida. O potencial dano disso para estes seres ainda está sob investigação por cientistas.
Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/geral-47956986
Data:17/04/2019