Quanto devemos nos preocupar com a mpox?

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11 de julho de 2023

Quanto devemos nos preocupar com a mpox?

A rápida disseminação da mpox — anteriormente chamado de varíola dos macacos — em algumas partes da África foi declarada uma emergência global.

Na semana passada, a Tailândia anunciou seu primeiro caso confirmado da nova cepa potencialmente mais mortal de mpox (chamada de clado 1b) — no primeiro caso registrado na Ásia e o segundo fora da África.

A nova cepa do vírus está no centro das preocupações, mas muitas perguntas ainda permanecem sem resposta.

Ela é mais contagiosa? Não sabemos. Quão mortal é? Não temos dados. Vai se tornar uma pandemia?
“Precisamos evitar a armadilha de pensar que a mpox será a nova covid e que teremos lockdowns — ou que a doença vai se comportar como em 2022”, diz Jake Dunning, cientista e médico especialista em mpox que tratou pacientes no Reino Unido

Para avaliar a ameaça — apesar da incerteza — precisamos entender que não se trata de um único surto de mpox, mas de três surtos distintos.

Todos estão ocorrendo simultaneamente, mas afetam diferentes grupos de pessoas e se comportam de maneiras diferentes.

Esses surtos são classificados de acordo com seu “clado” — essencialmente, a ramificação da árvore genealógica do vírus mpox a que pertencem.

O clado 1a é responsável pela maioria das infecções no oeste e norte da República Democrática do Congo (RDC). Esse surto já dura mais de uma década e se espalha principalmente pelo consumo de carne de animais selvagens infectados. Aqueles que adoecem podem transmitir o vírus para pessoas com quem têm contato próximo, e as crianças têm sido particularmente afetadas.
O clado 1b é a nova ramificação da família mpox e está causando surtos no leste da RDC e em países vizinhos. Esse clado se espalha ao longo das rotas de transporte, com motoristas que têm relações sexuais heterossexuais com trabalhadoras do sexo, e pessoas infectadas também transmitem o vírus para crianças através do contato próximo.
O clado 2 é o surto de mpox que se espalhou globalmente em 2022, com uma forte conexão com o sexo, afetando predominantemente comunidades de homens gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (98,6% dos afetados eram homens no Reino Unido), além de seus contatos próximos. Este surto ainda não acabou.

Ameaça global?
Não se espera que o mpox atinja o nível da covid. Já se passou quase um ano desde que a nova cepa surgiu em setembro de 2023.

O cenário mais provável em países emissores de turistas, como o Brasil, é que alguém retorne o exterior com o vírus e fique doente.

Esses casos importados podem ficar por isso mesmo ou pode haver uma propagação limitada dentro de domicílios através de contato físico próximo.

A Suécia teve o primeiro caso de clado 1b fora da África, sem mais propagação relatada.

Um cenário mais preocupante seria uma criança pequena infectada levando o vírus para a creche, pré-escola, ou escola, onde brinca com outras crianças e causar um surto lá.

Esse é o limite do que está sendo considerado provável no Reino Unido.

“Não, eu não acho que isso [o surto atual] vai ser grande”, diz Dunning.

“Estou um pouco irritado e nervoso com as pessoas focando apenas no que aconteceu em 2022 e pensando que o mesmo vai acontecer.”

A resposta seria encontrar pessoas que tiveram contato com alguém infeccioso e vaciná-las, em vez de realizar programas de imunização em massa.

Deve ser mais fácil acompanhar qualquer caso importado dessa forma em países emissores de turistas do que na RDC, que enfrenta conflitos e desafios humanitários adicionais.

Ainda não há vacinas específicas para mpox, mas vacinas contra a varíola são eficazes contra a doença.

FONTE: Adaptado de : https://www.bbc.com/portuguese/articles/czjyv9vzrwwo

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