Todos já devem ter lido notícias sobre as terríveis amebas que comem cérebros,que são semelhantes aos zumbis clássicos de filme de terror. E como o zumbi, a ameba é mortal. Por exemplo, um rapaz americano de 29 anos faleceu em pouco tempo após ser diagnosticado com meningoencefalite amebiana primária, que é causada pela nossa ameba zumbi. Mas saiba de uma coisa: mesmo com os mais eficientes medicamentos atuais pouquíssimas pessoas sobreviveram à doença. Até o momento, foram registrados 200 casos da doença ao redor do mundo. Contudo, este número tende aumentar nos próximos anos.
A ameba causadora destas manchetes e mortes, principalmente nos Estados Unidos, é um protozoário de vida livre que é encontrado comumente em fontes de água doce, como fontes termais, lagoas, piscinas com pouco cloro, esgotos e até em aparelhos de ar condicionado. Além disto, é um microrganismo termotolerante, já que suporta temperaturas próximas a 45º Celsius, todavia não é capaz de sobreviver em água salgada, ambientes secos e com variações de pH.
De acordo com dados epidemiológicos do CDC (Centro de Controle de Doenças) dos Estados Unidos, o país entre 1962 e 2017 teve 143 casos da doença, sendo os estados do Texas e Flórida os que notificaram o maior número de casos. No Brasil, até 1978 foram notificados apenas 2 casos da doença, contudo a Naegleria fowleri já foi encontrada em piscinas e açudes do Rio de Janeiro e São Paulo.
A Naegleria fowleri tem três fases de vida: trofozoíto, cisto e formas flageladas. A forma de trofozoíto é a forma que se multiplica por fissão binária e infecta os seres humanos, dessa forma, tenha cuidado com ela. Já o cisto é a forma de resistência que ocorre em ambientes extremos, é a carta na manga da ameba se tudo der errado. Por fim, a forma flagelada é o trofozoíto com dois flagelos (estruturas que permitem a locomoção do microrganismo) que é responsável pela rápida dispersão do microrganismo. Normalmente, se o ambiente for favorável o protozoário estará na forma de trofozoíto ou forma flagelada, que é transitória, e quando o ambiente for impróprio o microrganismo entrará na forma de resistência, e quando a situação se acalmar voltará a ser uma ameba zumbi.
A infecção ocorre quando a pessoa entra em contato com água doce com a presença da ameba zumbi e permite a entrada deste em suas vias respiratórias nasais, ou seja, não se afogue e não deixe água contaminada adentrar as suas vias respiratórias superiores de jeito algum. Após entrar pelo nariz a ameba zumbi se adere à mucosa nasal e entra no cérebro pelo nervo olfativo, onde ela fará seu “banquete”.
Na hora do “rango”, as amebas zumbis liberam um coquetel enzimático que digere e degrada o tecido cerebral para que elas possam se alimentar dele. A ameba zumbi também “come” as células nervosas pelo processo de fagocitose.
Os primeiros sintomas aparecem após 24 horas da infecção com uma evolução rápida que leva a morte entre 7 e 10 dias. Os sintomas são: febre alta, dor de cabeça intensa, vômitos, irritações na meninge, convulsões, coriza e etc.
Atualmente, a arma mais eficiente é o tratamento com a anfotericina B, que atua como um “míssil” abrindo poros na membrana plasmática, que levam a perca de componentes e nutrientes importantes para a sobrevida da ameba zumbi. Contudo, na maioria das vezes este tratamento é ineficiente, levando a morte do paciente em poucos dias depois de adquirir a doença. Mas existem outros tratamentos sendo estudados como o uso de outros antifúngicos e outras combinações de fármacos.
A melhor arma ainda continua sendo a prevenção, ou seja, quando for nadar na piscina ou lago termal evite se afogar e também evite a entrada de água nas suas vias nasais. Mas, por favor, não entre em pânico: a ameba zumbi ainda não é um patógeno casual, e sim, acidental, logo as chances de contrair a doença são mínimas, mas ainda existe a possibilidade, então tome cuidado.
Atualmente, a ameba zumbi não é uma ameaça tão séria a saúde humana, mas com o aumento da temperatura global o número de casos deve aumentar nas próximas décadas, já que isto aumentará os nichos para Naegleria fowleri, que é um microrganismo resistente a variações de temperatura. Ou seja, podem ficar tranquilo por agora, mas se os países continuarem emitindo poluentes na atmosfera a ameaça de um “apocalipse” causado pela ameba zumbi se tornará mais provável nas próximas décadas.